Senado

Comissão do Senado convoca ministro Marcelo Álvaro Antônio para explicar denúncia sobre candidatas laranjas

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, será chamado pelo Senado a dar esclarecimentos sobre a denúncia de que usou candidatas laranjas para desviar recursos eleitorais. O convite ao ministro foi aprovado nesta quarta-feira (12) pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização, Controle e Defesa do Consumidor. Por se tratar de um convite, ele não é obrigado a comparecer e pode, inclusive, marcar a data que julgar mais conveniente.

“Acredito que não haverá nenhuma recusa, por parte dele, de vir esclarecer tais denúncias”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento. O pedido foi incluído de última hora na pauta pelo presidente do colegiado, Rodrigo Cunha (PSDB-AL). “É importante que que o Ministro coloque às claras o obscurantismo que ronda as eleições do PSL, esclarecendo à República sobre o que tomou parte neste processo eleitoral, dando sua versão dos fatos”, defendeu Randolfe.

Denúncia contra o ministro

O Ministério Público Eleitoral e a polícia abriram investigação na semana passada para apurar a denúncia de uma mulher que alega que o hoje ministro do Turismo a chamou para ser candidata laranja na eleição do ano passado. O objetivo, segundo ela, era desviar dinheiro público de campanha. Ele foi reeleito deputado federal em 2018 com a maior votação da bancada mineira, a segunda mais numerosa da Câmara, com 53 deputados.

“Eu não entendia de nada, eles que fizeram tudo [para registrar a candidatura], eu não tirei uma certidão minha, eles tiraram por lá, eu só enviei meu documento e eles fizeram tudo. Acredito, sim, que fui mais uma candidata laranja, porque assinei toda a documentação que era necessária e não tive conhecimento de nada que eu estava fazendo (…) Fui usada, a minha candidatura foi usada para fazer parte de uma lavagem de dinheiro do partido”, afirmou ela.

Zuleide fez denúncia sobre a oferta à Justiça eleitoral ainda em 19 de setembro, mas recebeu de volta apenas uma resposta protocolar. Ela conta que foi instada pelo ministro, que também presidia o diretório estadual do PSL a assinar requerimento de solicitação da verba, endereçado ao então presidente nacional do partido, Gustavo Bebianno.

“Ele [ministro] disse pra mim assim: ‘Então a gente vai fazer o seguinte: você assina a documentação, que essa documentação é pra vir o fundo partidário pra você. (…) Para o repasse ser feito, você tem que assinar essa documentação. E eu repasso a você R$ 60 mil, e você tem que repassar pra gente R$ 45 mil. Você vai ficar com R$ 15 mil para sua campanha. E o material é tudo por nossa conta, é R$ 80 mil em materiais'”, afirma Zuleide. A ex-candidata diz que não sabe se algum dinheiro foi depositado porque o controle das contas bancárias ficou com os dirigentes do partido.

Folha