A Polícia Federal prendeu na tarde desta quarta-feira Dario Messer , conhecido como o doleiro dos doleiros do Brasil. Ele estava foragido desde maio de 2018, quando o juiz Marcelo Bretas decretou sua prisão. Ele foi preso às 16h40min, no bairro dos Jardins, em São Paulo. O colunista Lauro Jardim divulgou uma foto do momento em que o doleiro foi preso. Messer estava bem diferente fisicamente, cabelo pintado de ruivo e identidade falsa. Membros da força-tarefa da Lava-Jato no Rio foram a São Paulo e participaram da prisão.
Dario Messer estava sendo monitorado há cerca de dois meses. Os investigadores descobriram a identidade da namorada do doleiro. O apartamento em que ele foi preso estava alugado no nome dela.
IDENTIDADE FALSA – No imóvel em que Messer estava, foram encontrados R$ 56 mil em espécie, joias e um anel de brilhantes. Ele estava com uma identidade falsa no nome de Marcelo de Freitas Batalha. Ele foi trazido para o Rio ainda nesta quarta-feira em avião de carreira e foi levado para Bangu 8, no Complexo de Gericinó, sob escolta.
A colunista Bela Megale publicou também que, segundo apurou a Polícia Federal, Messer chegou a passar um período no Paraguai, mas teria retornado ao Brasil neste ano ao país devido a um relacionamento amoroso .
Embora Dario Messer estivesse foragido, sua família fechou um acordo de delação premiada em que ficou acertada a devolução de R$ 270 milhões. Além disso, a 7ª Vara Federal Criminal requisitou às autoridades paraguaias o bloqueio de US$ 100 milhões, o equivalente a quase R$ 400 milhões. Em maio, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, negou pedido de habeas corpus preventivo para evitar a prisão de Messer.
ESCORREGADIO – “O Dario Messer é foragido da Justiça há anos. Operações passadas não conseguiram capturá-lo diante do seu poder econômico e presença do submundo do crime. Mas hoje o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, em cooperação com outro países, conseguiram prender o doleiro mais importante do país, provando que, se não há fronteiras para os criminosos, também não há para os investigadores” – afirmou o procurador regional da República José Augusto Vagos, integrante da força-tarefa da Lava-Jato no Rio.
Ele disse ainda que, desde a década de 1980, Messer já pratica crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro através de dólar-cabo.
“Ele tem um sistema sofisticado, com 400 clientes, que movimentou quase US$ 2 bilhões em seis anos. Essa dinâmica nos permite concluir que a prisão dele vai abrir um leque ainda maior de investigação “- afirmou Vagos.
OUTROS PRESOS – Um operador de Dario Messer já havia sido preso na Lava-Jato no início de julho . Mario Libman é ex-marido de Denise Messer, filha do doleiro, e foi delatado por ela. Um sócio do doleiro, que também era fugitivo da Lava-Jato, foi preso no Paraguai em dezembro do ano passado.
Em maio do ano passado, agentes da Polícia Federal foram para as ruas para cumprir 53 mandados de prisões contra doleiros e operadores envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro que atingiu astronômica cifra de US$ 1,652 bilhão. A Operação “Câmbio, Desligo” foi a ação da Lava-Jato do Rio com o maior número de alvos.
O principal alvo da ação era o doleiro Dario Messer, que é filho do primeiro doleiro do Brasil, mas ele não foi encontrado. A polícia buscou o doleiro no Paraguai, porque ele tem dupla cidadania e incluiu seu nome na lista da Interpol.
SUPERQUADRILHA – No sistema que os doleiros desenvolveram para controlar as transações ilegais, estão relacionadas mais de 3 mil offshores, com contas em 52 países, e transações que somam mais de US$ 1,6 bilhão. Os doleiros Claudio Barboza, o “Tony”, e Vinicius Claret, o “Juca Bala”, entregaram o esquema em delação premiada fechada com o MPF. Em seu depoimento, Tony afirmou que Dario Messer chegou a ser cliente do seu próprio esquema de lavagem de dinheiro.
Figura carimbada em investigações de lavagem de dinheiro desde o início dos anos 2000, Dario Messer foi citado nos escândalos do Banestado e Swissleaks.
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