Meio Político

A lição de 1998 para a composição de 2018

A ganância pelo controle da pobre, mas cobiçada Paraíba, tem provocado rompimentos entre caciques políticos, que não ficam nem corados de vergonha e, nem fazem questão de disfarçar, que o interesse é meramente pessoal e/ou familiar. Para não alongarmos muito, vamos voltar apenas aos últimos vinte anos de disputa.

Quem acompanha a política paraibana e já passou dos trinta anos de vida, deve ter vivo na memória o fatídico rompimento entre Ronaldo e Zé Maranhão (PMDB), no dia 18 de março de 1998, em plena festa de comemoração do aniversário de Ronaldo Cunha Lima no Clube Campestre.

O aniversariante, que cobrava “um maior rigor” na condução do estado, dirigindo-se ao então governador, foi ferino: “A Paraíba está em suas mãos, e eu tenho certeza que você não vai trata-la mal. Mas se tratar mal, eu vou arrebatar das suas mãos…”.

Mas o verdadeiro motivo do rompimento foi o desejo dos envolvidos em comandar o estado. Maranhão que herdara o cargo com a morte do governador Antônio Mariz, queria a reeleição. Já Ronaldo que pretendia eleger o filho Cássio governador. Bateram chapa em convenção e, Maranhão, usando “confinamento” de partidários, venceu a disputa, e consequentemente as eleições.

Depois de Cássio eleito governador em 2002, derrotando Roberto Paulino, o candidato maranhista, a vingança de verdade, veio em 2006, quando Cássio derrotou o então senador Zé Maranhão, que recebeu o apoio do presidente da República, Lula (PT), que esbanjava popularidade.

A vingança de Maranhão veio via justiça eleitoral, que cassou o mandato de Cássio em fevereiro de 2009. Entronado no Palácio da Redenção, Maranhão outra vez, com a sede de poder, não abre mão da disputa, preterindo mais um peemedebista de Campina Grande, o então prefeito Veneziano Vital do Rego, com chances reais de vencer a disputa.

A sede de vingança de Cássio possibilitou o apoio a Ricardo Coutinho (PSB), até então crítico da forma de Cássio e aliados de fazer política. A aliança foi vitoriosa nas urnas, mas não sobreviveu as enormes divergências de comportamentos políticos dos lideres.

Em 2014, a sede pelo poder, quase reaproximou os desafetos da briga do Clube Campestre em 1998. Zé Maranhão chegara a se oferecer para ser o senador na chapa encabeçada por Cássio, que no alto da sua autossuficiência não viu necessidade desse apoio para conseguir a vitória. Ricardo foi reeleito governador e, de quebra, derrotou aquele que, até então, era imbatível.

Quase vinte anos depois do fatídico rompimento, os gestos atuais apontam para uma possível reaproximação dos grupos Cunha Lima e Maranhão – Cássio e Zé Maranhão – para as eleições de 2018. Resta saber se as vaidades e arrogâncias dos principais líderes não vá impedir a composição, que para muitos, tem grandes chances de ser vitoriosa.

 

O motivo que une Cássio, Cartaxo, Maranhão e Romero é o bem do povo ou a sede de poder?