Opinião

Ao intervir na crise, o general Villas Bôas armou uma tempestade sobre Brasília

O título deste artigo é inspirado num filme de Otto Preminger, “Tempestade Sobre Washington”.  No caso de Brasília, a tempestade foi desencadeada por uma entrevista a Tânia Monteiro, em O Estado de São Paulo, na qual o general Eduardo Villas Bôas rebateu firmemente a atuação de Olavo de Carvalho que vinha dirigindo ataques alucinados aos militares que fazem parte do governo Bolsonaro, entre eles os que trabalham no Palácio do Planalto.

O ALBATROZ – Na minha opinião, Olavo de Carvalho tornou-se uma espécie de albatroz da tempestade, ave de longo alcance de voo e que se aproxima dos navios quando pressente a chegada de uma tormenta. Isso de um lado. De outro o General Villas Bôas falou também em nome do Exército, uma vez que Olavo de Carvalho generalizou seus ataques como se fosse portador de uma metralhadora giratória.

Os reflexos definitivos do frontal repúdio manifestado pelo ex-comandante do Exército ainda estão por vir. Sobretudo porque, nas redes sociais, Olavo de Carvalho centralizara as ofensas que profere exatamente no General Villas Bôas, ao atacar outro general, o ministro Santos Cruz.

PASSOU DOS LIMITES – Na entrevista a Tânia Monteiro, o General Eduardo  Villas Bôas afirmou  que Olavo de Carvalho passara do ponto, ou seja, então o limite de tolerância fora ultrapassado.

A imprensa em geral tem revelado os termos chulos e pesados que o filósofo tem usado nos ataques que partem de Virgínia, nos Estados Unidos, de onde acompanha de perto todas as mensagens colocadas nas redes sociais, e também o noticiário político dos jornais.

Na verdade, ele se julga acima dos fatos e, dramaticamente, para ele quase ninguém presta. Só ele e os olavistas (ou olavetes, como ele próprio denomina seus alunos). Este ponto de sua personalidade pode explicar as ondas negativas nas quais se transporta visando a atingir seus alvos, de forma absolutamente estéril.

A TEMPESTADE – Mas acentuei a existência de uma tempestade no centro do poder e me faz recordar os acontecimentos históricos de 11 de novembro de 1955, quando o Exército, comandado pelos generais Teixeira Lott e Odilio Denys, rejeitou a atitude do Presidente Carlos Luz que se recusava a punir o Coronel Jurandir Mamede pelo discurso que fez no sepultamento do General Canrobert da Costa, tento no pronunciamento defendido o golpe tramado contra a posse de Juscelino Kubitschek. O General Lott, Ministro do Exército, já havia falado no sepultamento. Mamede cometeu uma dupla subversão. Mas o episódio pertence ao passado.

Quando utilizo a palavra tempestade, estou dando razão total ao General Eduardo Villas Bôas. Isso não impede, e até justifica, a reação direta aos ataques desfechados pelo pensador, que pauta sua vida no exercício de injetar pessimismo doentio sobre todos aqueles que divergem dele, porque, para ele, não existe nada de positivo nos outros. Olavo de Carvalho é o cultor e o escultor de si mesmo.

Pedro do Coutto