Política

Após desgastes, PSD permanece no Centrão, mas já se afasta de Jair Bolsonaro, de olho em 2022

A aliança formada pelo presidente Jair Bolsonaro com partidos do Centrão ao longo de 2020 vem se desgastando nos últimos meses, e o PSD, um dos partidos que prometeu sustentação política ao mandatário no Congresso, já traça uma estratégia para descolar a sua imagem do governo federal — algo que já pode ser percebido na CPI da Covid por conta das atuações do presidente da comissão parlamentar de inquérito, Omar Aziz (AM), e do senador Otto Alencar (BA), de clara oposição ao Palácio do Planalto.

O objetivo da legenda é de, nas eleições do ano que vem, se apresentar aos eleitores brasileiros como uma terceira opção ao Palácio do Planalto.

BOLSONARO EM BAIXA – Políticos filiados à sigla reprovam a forma como Bolsonaro tem conduzido a pandemia da covid-19 e avaliam que, para o bem do partido, o PSD não pode ser levado junto. Não à toa, parlamentares da legenda acreditam que, hoje, a agremiação tem menos chances de construir uma relação com presidente do que há um ano, quando Bolsonaro iniciou a aproximação com o Centrão.

O primeiro passo em busca da “independência” dado pelo partido foi a filiação do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, à legenda, na última terça-feira. Presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab foi o responsável por negociar a saída do prefeito do DEM.

Com um nome de peso à frente de uma das cidades mais importantes do país, ele acredita ser possível ganhar força para alavancar uma candidatura de centro na corrida presidencial e bater de frente com Bolsonaro.

RODRIGO MAIA – O presidente do PSD ainda negocia a filiação do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara. Com a chegada dele à legenda, Kassab aposta em um fortalecimento da oposição a Bolsonaro no berço eleitoral do presidente, o que certamente teria impacto na eleição presidencial.

Nessa articulação para minar a popularidade de Bolsonaro no Rio, o pessedista cogita até uma aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A manobra do PSD de se afastar de Bolsonaro tornou-se ostensiva na CPI da Covid, com os senadores Omar Aziz e Otto Alencar. Na sessão de ontem, que interrogou o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, o presidente da comissão fez duros ataques à utilização da cloroquina no tratamento a pacientes infectados pelo novo coronavírus — mesmo sem comprovação científica, o remédio é defendido por Bolsonaro e vem sendo defendido pelos senadores governistas na CPI.