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Após divulgação de gravação, auxiliares do Planalto avaliam que não há como barrar CPI da Covid

O Globo

Após a divulgação de uma conversa entre o presidente Jair Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), integrantes do governo federal consideram que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia é irreversível e pretendem intensificar a defesa por uma ampliação do escopo da investigação.

Auxiliares do presidente negam que a divulgação do áudio tenham sido combinada, mas acreditam que o fato vai ajudar na narrativa de Bolsonaro, porque mostraria que ele não tem nada a esconder.

INVESTIGAÇÃO AMPLA – A avaliação no Planalto é que barrar a CPI não é o caminho, mas insistir na defesa de uma investigação ampla. Apesar de admitirem um desgaste político, auxiliares consideram que Bolsonaro não tem nada a perder porque já é criticado constantemente e que não haveriam fatos novos a serem apresentados.

Governadores e prefeitos que não estão sob evidência, por outro lado, podem ser prejudicados, já que o desenrolar de uma CPI é tido como imprevisível e novas investigações podem surgir. O governo federal vai insistir na tese de que fez os repasses necessários, e que estados e municípios devem responder como aplicaram as verbas.

No áudio divulgado pelo senador Kajuru, Bolsonaro insiste em pedir uma investigação ou impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Auxiliares palacianos minimizam a fala, alegando que o presidente já havia feito esta cobrança publicamente.

ARTICULAÇÃO NO SENADO – Uma preocupação em relação à CPI é com a articulação política no Senado. Um ministro, ouvido de forma reservada, reconhece que a relação com os senadores é pior do que a com a Câmara, mas rejeita a ideia de que é necessário entregar um ministério a um senador para reverter isso.

Na semana passada, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), chegou a anunciar que iria trabalhar para retirar assinaturas do requerimento de criação da CPI. A iniciativa, contudo, fracassou.

  • O trecho da conversa em que Bolsonaro chama o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de “bosta” e diz que teria que “sair na porrada” com ele também foi minimizado. A avaliação é de que foi um ataque individualizado, a um parlamentar identificado com a esquerda, e não ao Senado.