Opinião

Atenção, Bolsonaro! O BNDES e o Brasil não podem ser geridos por principiantes!

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode ser comparado ao próprio Brasil, porque não é para principiantes, como dizia o húngaro Peter Kellemen, que em 1959 lançou pela Civilização Brasileira um livro delicioso sobre golpes e vigarices que eram aplicadas no país, cujo título era “Brasil para Principiantes”. Kellemen estava há apenas seis anos no Brasil, mas conseguiu sacar como o país funcionava e seu o livro foi um grande best-seller.

Kellemen era um tremendo pilantra que se dizia médico ou diplomata, dependendo do freguês. Depois de lançar o livro, o espertalhão criou o “Carnê Fartura”, com boletos pagos mensalmente e que concorriam a sorteios milionários. Quando se encheu de dinheiro, Kellemen fugiu para a Paraguai e nunca mais foi visto por aqui, porque ele não era principiante. E Silvio Santos roubou a ideia dele e criou a TeleSena, uma máquina de fazer dinheiro.

BANCO DE FOMENTO – Assim como o Brasil, o BNDES também não é para principiantes. Até recentemente era o maior bancos de fomento do mundo e tem um corpo técnico de fazer inveja, pelo grau de especialização. Imagine qualquer setor da economia e tenha certeza de que lá no BNDES existem especialistas no assunto, com celulose, veículo leve sobre trilhos, qualquer tipo de mineração, agroindústria, energia, comunicações, fármacos, o que você imaginar é estudado em profundidade pelos especialistas do banco.

Com o melhor corpo técnico do Brasil, o BNDES é hoje o principal instrumento de que dispõe o governo para buscar a retomada dos investimentos e a recuperação da economia.

Mas parece que o governo Bolsonaro, ao invés de usar a expertise do BNDES para enfrentar a recessão, faz exatamente o contrário e se mostra disposto a acabar com o banco de fomento, e para tanto já conta com a ajuda do Congresso.

MALUQUICE – O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), fez a maior maluquice do ano, ao propor que sejam extintos os repasses ao BNDES de 40% da arrecadação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Isso significa cortar, de uma só cutelada, quase 50% da receita do banco de fomento. Essa fatia do FAT antes representava 35,3% da arrecadação do BNDES, mas o percentual está crescendo devido à devolução de recursos ao Tesouro.

O presidente Jair Bolsonaro está deixando as águas rolarem na Câmara, mas alguém tem de evitar essa insanidade. A quem interessa enfraquecer o BNDES, principal instrumento de política econômica?  

O pior é que Bolsonaro está nomeando um executivo de 38 anos para presidir o BNDES, cuja única indicação no currículo é ter sido amigo de infância dos três filhos mais velhos do presidente. Era só o que faltava!, diria o Barão de Itararé.
Carlos Newton