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Brasil completa 524 ou 526 anos de descobrimento? Entenda polêmica que envolve RN

O Marco de Touros original está no Museu Câmara Cascudo (foto: reprodução)

O Brasil, oficialmente, comemora 524 anos de descobrimento nesta segunda-feira (22). A data faz referência à suposta chegada dos portugueses onde hoje é a cidade de Porto Seguro, na Bahia, onde supostamente avistaram o Monte Pascoal. Porém, o Rio Grande do Norte reivindica ser primeiro o local onde os portugueses pisaram em solo brasileiro, dois anos antes.

Entre outros fatores, os historiadores que defendem que o Brasil foi descoberto no local onde é a praia do Marco, em Touros, afirmam que as correntes marítimas não poderiam ter levado as caravelas portuguesas antes à Bahia. As correntes marítimas naturalmente direcionariam as caravelas ao Rio Grande do Norte, enquanto há uma dificuldade para se chegar da Europa à Bahia.

Além disso, também afirmam que a descrição feita na carta de Pero Vaz de Caminha, que estava na expedição comandada por Pedro Álvares Cabral, não se assemelha ao Monte Pascoal, na Bahia, e sim ao Pico do Cabugi, no interior potiguar. Os historiadores que defendem o Rio Grande do Norte afirmam que a própria vegetação a que a carta se refere não existia em Porto Seguro naquela época, mas que é bem típica em solo potiguar. Pescadores nativos até hoje tomam o Pico como referência para voltar à terra. Enquanto o Monte Pascal, na Bahia, sequer é um “monte”, mas uma torre, cortada e sem “pico”.

Caminha afirmou também quando chegou ao Brasil, estabeleceu-se no Nordeste e navegou 3 mil léguas até as terras onde hoje é o estado de São Paulo. Essa é a distância entre Touros e São Paulo, bem maior do que a distância de Porto Seguro ao território paulista.

Outro fator que é levado em consideração por quem defende o Rio Grande do Norte como início do Brasil é a presença de “aguada” no litoral, conforme consta na carta do descobrimento. Aguada seria água doce, presente nas proximidades do Marco de Touros e inexistente em Porto Seguro, na Bahia. Além disso, o Marco de Touros é diferente do fincado na Bahia. O potiguar é esculpido com símbolos e brasões semelhantes ao marco que está no município de Cananéia, em São Paulo, que seria o segundo marco português no Brasil.

O Rio Grande do Norte tem buscado ao longo dos anos o reconhecimento do estado como o ponto de chegada da primeira embarcação portuguesa, que acreditava ter chegado às índias quando aportou em solo brasileiro. A Secretaria de Estado do Turismo do RN e a Empresa Potiguar de Promoção Turística do RN (Emprotur) realizaram diversos seminários sobre o tema na última década para sedimentar esse entendimento na mente dos brasileiros. Até o momento, porém, a teoria que prevalece no país é que o Brasil começou a partir da Bahia.

Veja seis curiosidades sobre o descobrimento do Brasil:

Erro de Navegação: Pedro Álvares Cabral inicialmente estava navegando para as Índias quando descobriu o Brasil por acidente, desviando-se de sua rota original.

Naufrágio: Durante a viagem, uma das caravelas da frota de Cabral naufragou na costa africana, obrigando-os a fazer reparos e adiar sua jornada.

Príncipe dos Navegadores: A descoberta do Brasil ocorreu durante o reinado de Dom Manuel I de Portugal, conhecido como “O Venturoso”, que incentivou fortemente as explorações marítimas.

Primeiro Contato: O encontro entre os portugueses e os nativos brasileiros foi descrito em relatos históricos como um momento de estranhamento mútuo, com os indígenas observando os recém-chegados com curiosidade e receio.

Nome do País: O nome “Brasil” foi dado à terra recém-descoberta em referência ao pau-brasil, árvore abundante na região e valiosa para a produção de tinta vermelha.

Tratado de Tordesilhas: A descoberta do Brasil levantou questões sobre a demarcação de territórios entre Portugal e Espanha, resultando no Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre as duas potências coloniais.