Correio Braziliense
Se as pesquisas de opinião já vinham mostrando um desgaste enorme na popularidade do presidente Jair Bolsonaro e do governo, com a nova crise provocada por ele no PSL, o partido pelo qual se elegeu, a situação tende a ficar ainda pior nos próximos levantamentos. A desastrada operação orquestrada por Bolsonaro dentro do Palácio do Planalto para destituir o líder do PSL, delegado Waldir, explicitou a incapacidade de articulação do presidente e, pior, o desnudou por completo o compromisso prioritário dele com a família, em detrimento do país.
Bolsonaro foi tão inábil no seu propósito de dar aos filhos o controle sobre o caixa milionário do PSL, que acabou caindo no colo do MDB, o partido que mais simboliza a velha política que ele tanto combateu durante a campanha para a presidência da República.
Agora, Bolsonaro tem com líder no Senado Fernando Bezerra, alvo da Polícia Federal por suspeita de corrupção, e Eduardo Gomes como líder no Congresso, um parlamentar da facção de Renan Calheiros, que tem mais de uma dezena de processos em andamento do Supremo Tribunal Federal, também por suspeita de corrupção.
EM FAMÍLIA – Que moral terá o presidente da República para, daqui por diante, ostentar o discurso de que representa o novo, de que combate a corrupção, se está cercado por pessoas suspeitas de comandarem esquemas de desvio de dinheiro público?
E mais: toda a crise que implodiu o PSL aponta que os 57 milhões de votos que elegeram Bolsonaro não representam nada para ele se, à frente, estiverem os interesses dos três filhos. Em vez da República do Brasil, o que importa para o presidente é a República dos Bolsonaro.
BALBÚRDIA – Fica difícil acreditar que, depois de tanta balbúrdia criada pelo presidente da República, ele tenha condições de liderar um projeto maior de país, que passa pela aprovação das propostas que estimulem a retomada da economia. No Congresso, o respeito a Bolsonaro é quase zero.
Felizmente, há bom senso entre os parlamentares para separar o presidente da República dos interesses do Brasil. A perspectiva é de que toda a agenda econômica preparada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, ande, independentemente do governo.
Bolsonaro, como se vê, está cada vez menor. O “mito” só persiste entre os seguidores mais fanáticos, que não conseguem ver os perigos que o ocupante da cadeira mais poderosa de Brasília está colocando no caminho a ser trilhado pelo país.