Política

Garotinho era ‘Bolinho’, ‘Bolinha’ e ‘Pescador’ nas planilhas da Odebrecht

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o Ministério Público do Estado do Rio afirmou que o ex-governador Anthony Garotinho figurava na planilha de pagamentos de propina da Odebrecht com os apelidos de “Bolinho”, “Bolinha” e “Pescador”. A empresa contava com um sistema próprio, em um de seus departamentos, que controlava, por meio de planilhas, a entrega de vantagens indevidas. Nas listagens, além de apelidos, havia valores pagos e outras referências.

Rosinha e Garotinho foram presos nesta manhã e foram denunciados pelo MP estadual, acusados de receberem propinas em dois contratos para construção de casas populares em Campos dos Goytacazes. As planilhas foram entregues pelos delatores da Odebrecht.

Setor de propinas – A Odebrecht contava com sofisticado mecanismo operacionalizado no âmbito do denominado Setor de Operações Estruturadas para o pagamento de propinas. As planilhas extraídas do Sistema Drousys foram entregues pelos réus colaboradores da empreiteira. Nelas, havia o codinome do beneficiário direto, valor, data do pagamento e, em alguns casos, até mesmo a obra vinculada ao pagamento da quantia, por exemplo, “Casas Campos II”. Mas o MP informou ainda não ter como precisar como foi feita a divisão da propina e nem como o dinheiro foi gasto.

As investigações apontam que houve o recebimento do valor de R$ 25 milhões em vantagens indevidas pagas pela Odebrecht a título de propina, enquanto a prefeitura amargava prejuízos de, no mínimo, R$ 62 milhões em razão do superfaturamento das obras, que não chegaram a ser concluídas.

JUSTIIFICATIVA  – Os procuradores informaram que a prisão preventiva dos acusados se justifica em função da possibilidade de haver coação de testemunhas e recolhimento de provas e por conta da influência de ambos no município de Campos.

– O que justifica a decretação e a manutenção da prisão preventiva em face de todos os réus é, sobretudo, a conveniência da instrução criminal – afirmou a promotora Simone Sibilio, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), completando:

– Um exemplo da conveniência da instrução criminal é quando os réus, quaisquer que sejam acusados, ou ameaçam ou tentam fazer uma devida ingerência na colheita das provas durante o curso do processo. Tendo em vista a peculiaridade e as características dos réus, é notório que eles podem, evidentemente, através de várias ações, fazer ou ameaça ainda que psicológica ou algum tipo de manejo com relação a essas testemunhas que foram arroladas.

COAÇÃO E PROVAS – Os procuradores informaram que a prisão preventiva dos acusados se justifica em função da possibilidade de haver coação de testemunhas e recolhimento de provas e por conta da influência de ambos no município de Campos.

Além dos ex-governadores, outras três pessoas foram presas na operação: Sérgio dos Santos Barcelos, Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha. Segundo os promotores, os três foram intermediários da propina, que era entregue em espécie, em anos diferentes. Barcelos em 2008, Ângelo em 2012 e Gabriela em 2014.  Os três ocupam cargos públicos atualmente. Barcelos é subsecretário de Direitos Humanos.

O MP informou que a investigação já estava em andamento quando chegaram as delações da Odebrecht, homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
TI