Carlos Newton
O presidente Jair Bolsonaro fez na noite desta terça-feira (dia 24) mais um estarrecedor pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV sobre o novo coronavírus, em seu terceiro comunicado em menos de 20 dias. Na gravação, realizada no fim da tarde, Bolsonaro pregou a união com governadores no enfrentamento à doença, mas voltou a criticá-los, dizendo que as escolas deveriam ser reabertas, porque o coronavírus não atingiria crianças.
Pediu também que os governadores liberam os transportes e permitam o funcionamento normal do comércio, para evitar crise financeira, sob argumento de que a doença só ameaça os idosos.
ELOGIO À IMPRENSA – Na fala, o presidente fez um elogio à imprensa, dizendo que a mídia parou de provocar pânico à população e está pedindo calma às pessoas. De toda forma, porém, não deixou de criticar a TV, chamando-a de “aquela emissora”.
Elogiou também a atuação dos profissionais de saúde, fazendo um elogio pessoal ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que está conduzindo a luta nacional contra a pandemia.
Em diversos pontos da gravação, o presidente da República minimizou a doença. Disse que, em cada 100 infectados, 90 não teriam problema algum, não sentiriam nada.
BRASIL A SALVO – Com impressionante desenvoltura, garantiu que a pandemia não terá gravidade no Brasil, por causa do clima. Disse que na Itália e na França a situação é mais complicada devido ao grande número de idosos.
Citando seu próprio caso, Bolsonaro disse que, por ser um ex-atleta, não corre risco de pegar a doença. Disse que nada aconteceria com ele, no máximo uma gripezinha ou um resfriado.
Em tradução simultânea, Bolsonaro mostrou à Nação que a maior ameaça ao povo brasileiro não é a pandemia de covid 19. A maior ameaça é a irresponsabilidade do próprio presidente da República, que transmite ao povo informações distorcidas e manipuladas. O melhor a fazer seria renunciar ao cargo, sem a menor dúvida.