(Carlos Newton) – Para o presidente Jair Bolsonaro, a sexta-feira 13 desta vez aconteceu no dia 6, nesta segunda-feira, quando passou por uma situação verdadeiramente tenebrosa, que vai marcá-lo pelo resto da vida. E tudo começou neste domingo, dia 5, quando decidiu substituir o ministro da Saúde, Henrique Mandetta. Na segunda-feira, dia 6, convocou uma reunião no Plalnalto com os ministros da casa e incluiu o ex-ministro Osmar Terra, que é médico e estava cotado para substituir Mandetta.
Na reunião, os quatro ministros/militares (generais Augusto Heleno, Eduardo Ramos, Braga Netto e o major Jorge Oliveira) argumentaram que haveria uma repercussão muito negativa e seria melhor dar uma última chance ao ministro Mandetta.
DECRETO DA CLOROQUINA – Bolsonaro concordou e em seguida recebeu dois médicos defensores da cloroquina – a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, de 61 anos, de São Paulo, autora de diversos livros de autoajuda para pacientes de câncer, que desde sexta-feira está em Brasília, na expectativa de ser nomeada ministra, e o anestesiologista Luciano Dias Azevedo, dono de uma clínica em Campinas.
O presidente lhes pediu que convencessem Mandetta a assinar um decreto instituindo a cloroquina como padrão no tratamento ao coronavírus. O ministro então foi chamado, mas se recusou a assinar o decreto e pediu que os dois médicos encaminhassem seus “estudos” ao Ministério da Saúde, mas não havia nada a apresentar…
A resposta de Mandetta foi a gota d’água e o presidente da República mandou o ministro Jorge Oliveira agilizar a demissão, que incluiria alguns integrantes da equipe.
IA HUMILHAR MANDETTA – Ainda não satisfeito com a demissão coletiva, Bolsonaro convocou uma reunião ministerial às 17 horas para humilhar o ministro da Saúde, mostrando a ele quem verdadeiramente manda no governo. Bem, sonhar ainda não é proibido, mas o pior foi o pesadelo que se seguiu.
Enquanto a equipe da Secretaria de Comunicação, chefiada pelo “servidor informal” Carlos Bolsonaro, comemorava a decisão do presidente, vazava a informação para os jornais e mandava esvaziar as gavetas dos “demitidos”, o inesperado preparava-se para fazer uma surpresa, conforme informamos aqui na TI na própria segunda-feira, com absoluta exclusividade.
Um dos telefones celulares tocou, Bolsonaro atendeu e foi obrigado a recuar. A essa altura, a maioria dos ministros já estava no Planalto, não dava mais para cancelar a reunião, o presidente teve de ir para o sacrifício, enquanto Mandetta saia engrandecido para dar uma consagradora coletiva à imprensa.
PATO MANCO – Assim, o presidente se tornou o primeiro “pato manco” (lame duck) da História Republicana, com apenas um ano e três meses de mandato. Como se sabe, é uma expressão usada para definir o governante que está em final de mandato e perde o exercício do poder, ninguém liga mais para suas ordens.
Quanto ao telefonema que alguns atribuem ao senador Davi Alcolumbre, posso informar que partiu de outra pessoa, que fez apenas duas perguntas ao presidente, tipo papo reto, como se diz hoje em dia. Indagou se ele já tomara conhecimento do estudo do Centro de Estudos Estratégicos do Exército sobre o coronavírus. Depois perguntou se, mesmo assim , iria demitir o ministro. E a reunião, que era para detonar Mandetta, tomou outros rumos.
P.S. – Em tradução simultânea, Bolsonaro finge de maluco, mas sabe muito bem o que está fazendo. Quanto ao “secretário informal de Comunicação” Carlos Bolsonaro, está arrasado, na segunda-feira ele foi do êxtase à depressão em questão de segundos. E vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)
TI