Após se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, nesta segunda-feira (3/9), o ex-prefeito de São Paulo e candidato à vice-presidente na chapa do PT, Fernando Haddad, afirmou que o partido vai recorrer à Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de barrar a candidatura de Lula à Presidência. Assim, o partido descarta, pelo menos por enquanto, substituir o ex-presidente por Haddad na disputa pelo Planalto.
“Expusemos ao presidente todas as possibilidades jurídicas e ele tomou a decisão”, afirmou o ex-prefeito. Ainda segundo Haddad, o recurso no STF será acompanhado de um pedido de liminar para suspender o prazo de 10 dias dado pelo TSE para que o partido substituísse o candidato da chapa. Já o recurso à ONU é embasado por uma manifestação do Comitê de Direitos Humanos da entidade que, antes da decisão do TSE, recomendou que o ex-presidente pudesse disputar as eleições.
Lula teve a candidatura barrada pelo TSE na madrugada de sábado (1º/9). Cinco ministros seguiram o entendimento do relator, Luís Roberto Barroso, de que o petista está inelegível por conta da condenação que sofreu, na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no processo do tríplex do Guarujá (SP).
A Corte eleitoral também deu o prazo de 10 dias para a substituição do cabeça de chapa e autorizou que o partido participasse do horário eleitoral, mas com Lula aparecendo apenas como apoiador. Ou seja, suas aparições não poderiam ultrapassar 25% do tempo total.
Em sua breve fala na frente da Superintendência da PF, Haddad também comentou sobre a propaganda eleitoral. Mesmo após a determinação do TSE, Lula ainda apareceu como candidato em algumas peças veiculadas no rádio. “Tivemos um prazo muito exíguo de tempo para ajustar todas as plataformas. Levamos ao conhecimento do TSE todas as medidas que foram tomadas ainda na madrugada para ajustar toda a comunicação da campanha à decisão”, explicou o petista. “Teve aqui e ali coisas pequenas, mas pequenas mesmo. O grosso da publicação foi totalmente ajustado”, completou. O ex-prefeito ainda disse que viajaria nesta segunda para São Paulo para fazer ajustes em peças publicitárias.
Questionado sobre o risco de o PT ficar sem candidato nas eleições de outubro — após insistir na defesa da candidatura de Lula —, Haddad foi evasivo: “Vamos esperar a reação do STF às nossas demandas e, na sequência, nós damos novos esclarecimentos”.
CB