Na última quarta-feira, o Supremo fechou o cerco contra o chamado “Gabinete do Ódio”, grupo de assessores do Palácio do Planalto comandado por um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, do partido Republicanos, no Rio de Janeiro.
Em uma operação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, a Polícia Federal apreendeu documentos, computadores e celulares em endereços de 17 pessoas suspeitas de integrar uma rede de ataques a integrantes do STF e convocou oito deputados bolsonaristas a depor.
RELAÇÃO ABALADA – Considerada “abusiva” pelo Palácio do Planalto, a ação da Polícia Federal abalou ainda mais a já fragilizada relação entre os magistrados e o Palácio do Planalto, que não esconde a pretensão de um contra-ataque e até faz ameaças às instituições.
No despacho que ordenou a operação, Alexandre de Moraes, outro profundo conhecedor de Direito Processual, definiu o Gabinete do Ódio como “associação criminosa”, mas não incluiu Carlos ou seus aliados dentro do Palácio do Planalto como alvo da operação realizada, ontem, mas alcançou aliados próximos, como o blogueiro Allan dos Santos, do site bolsonarista TerçaLivre. As referências ao grupo, porém, indicam que eles podem ser alvo numa fase futura da investigação.
O ministro apontou ainda indícios de que empresários financiam de forma velada a disseminação de fake news e conteúdo de ódio contra integrantes do STF e outras instituições.
DIVERSOS CRIMES – Segundo Moraes, há “fortes indícios” de que os investigados cometeram crimes de calúnia , difamação, injúria, bem como violações tipificadas na Lei de Segurança Nacional.
Como se pode ver, a situação requer cautela e muita sabedoria,duas palavras que não parecem fazer parte do dicionário bolsonarista.
Como diria o Conselheiro Acácio: “Aguardemos pois…”, porque a polêmica vai esquentar, com a decisão do ministro Edson Fachin, que levar ao Plenário do Supremo a continuidade ou não das investigações do inquérito das fake news. Não há previsão de quando o STF analisará o assunto
LENHA NA FOGUEIRA – O presidente Jair Bolsonaro colocou mais lenha na fogueira, ao declarar nesta quinta-feira que não admitirá “decisões individuais” e “monocráticas”, num alerta ao Supremo, afirmando em linguajar nem um pouco jurídico: “Chega”. “Acabou, porra!”, expressou-se o presidente.
“Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoais certas ações”, acrescentou, o que levou a um jornalista comentar durante concorrido almoço em Brasília:
– “Pessoas individuais” é bom demais! – disse ele, provocando gargalhadas.
José Carlos Werneck