Francisco Bendl
Se a gente debater o crime apenas como obra de traficantes, de facções, de pessoas que são produtos do meio violento de onde nasceram e se criaram, definitivamente os resultados não serão válidos, pois falsos, incompletos, manipulados.
No Brasil de hoje, para qualquer estudo que se queira fazer de maneira responsável e verdadeira quanto aos crimes de qualquer espécie, dos menores aos mais graves, de pedofilia ao estupro, de assassinatos passionais a latrocínios, de facções entre facções, de ladrões de celulares a assaltantes de bancos, precisa-se necessariamente considerar também os crimes praticados pelos poderes constituídos contra o povo.
CRIMES DE BASE – Não há como analisar qualquer tipo de crime, partindo de alguma classe social, cometido por homem ou mulher, a que não sejam acrescentados os desvios de verbas, as injustiças sociais, a corrupção instituída, a impunidade das elites e a diferença de tratamento concedido pela Justiça aos poderosos e às pessoas comuns.
Se estamos em uma fase de violência incontida, eu diria até mesmo incontrolável, a causa principal tem a ver com os governos, com os parlamentares, com os tribunais superiores.
Quando afirmo textualmente que Lula é ladrão e genocida, evidente que o meliante não matou diretamente milhares de pessoas, mas as aniquilou quando roubou o dinheiro que deveria ter sido canalizado para melhorias em áreas cruciais do país.
AS VÍTIMAS – A corrupção e o desvio do dinheiro público fazem muitas vítimas. A começar pelas mortes à espera de atendimento médico; as mortes cometidas pelo tráfico; as mortes ocasionadas pela irresponsabilidade governamental, que são homicídios de autoria generalizada.
Outros graves crimes são as gritantes diferenças salariais emtre a elite do serviço público civil e militar e os brasileiros que trabalham como professores, policiais e as demais profissões. Além disso, a impunidade dos maiores ladrões do país, a carga tributária insuportável que o cidadão tem sobre o lombo, e a falta flagrante de políticas sociais – tudo isso é crime.
Além da diferença abissal entre a remuneração das autoridades e os salários dos cidadãos, há as mordomias, os veículos chapa-branca, as viagens de jatinho, que fazem parte desse clima de beligerância que vivemos, dessa violência exacerbada, das dores de ser alvo de segregações, de abandono, de ser condenado à miséria e à pobreza!
TOTAL DESRESPEITO – Não podemos falar de crimes violentos, sem considerarmos que há ilegalidades muito mais graves, praticadas pelas autoridades contra a coletividade em geral. Porque é nesse meio de total desrespeito à cidadania que a violência explode, agiganta-se, cresce sem qualquer controle.
Policiais recebem ninharias como salário para arriscar suas vidas e são processados quando matam algum bandido nos confrontos; toda bala perdida é atribuída aos policiais, sem que se leve em conta que podem ser uma estratégia dos criminosos para levantar a população contra a polícia.
Professores que recebem esmolas como salários e ainda são agredidos fisicamente pelos alunos e pelos pais (há alguns dias, em São Paulo, um professor foi esfaqueado) questionam-se até que ponto vale a pena ensinar o caminho a quem já está desencaminhado.
NA CENTRÍFUGA – O Brasil está de cabeça para baixo, sendo revirado, girado, como se estivéssemos sendo centrifugados por uma máquina de lavar roupas e consciências.
Os grandes culpados por essa violência atual são os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, mas também acrescento, em menor grau, a mídia, que defende os direitos humanos dos bandidos e atribui aos policiais todas as balas perdidas.
E entrevistam os críticos, os “especialistas” com fórmulas para combater a violência, reportagens mostrando “estatísticas” sobre as matanças feitas pelos policiais.
RESUMO DA ÓPERA – Não há mais diálogo, compreensão e respeito ao povo, ao cidadão. Como está cada vez mais evidente, as autoridades só cuidam de si, de suas famílias, de seus comparsas.
Sem emprego, educação e saúde, as famílias estão se desintegrando, enquanto as ideologias nos separam e segregam, e as religiões se tornam balcões de negócios;
O Brasil faliu ética e moralmente e, em consequência, princípios e valores também vieram abaixo. Não se confia mais em ninguém, especialmente nas autoridades constituídas.