Nos últimos dias de 2017, encontrei em Natal (RN), seu Biró. Seridoense de Caicó; sem muito estudo, mas muito vivido na política do Rio Grande do Norte. Acompanhou a trajetória dos principais políticos do estado, de Dinarte Mariz, Aluízio Alves aos primeiros passos de Agripino Maia e Garibaldi Alves.
Aproveitei para interroga-lo sobre as eleições deste ano. Nada melhor do que ouvir a opinião de alguém tão experiente: seu birô, o que esperar das unas nas eleições deste ano? Arrisquei a pergunta. Ele calmo fala mansa, foi direto: “Meu filho você tem dúvidas, da sociedade que nós vivemos podemos esperar coisa boa”?
Antes que eu respondesse qualquer coisa ele continuou. Eu vejo o povo reclamando dos políticos, que são ladrões, que são isso, é aquilo. E eu pergunto: de onde eles vieram? “Quem foi que escolheu esses ladrões”? Não tive palavras para responder, apenas concordei balançando a cabeça.
As sábias palavras de seu Biró me estimulou a uma reflexão: queremos políticos honestos sem ser honestos. O modo que escolhemos já não é republicano. Trocamos o nosso voto por uma promessa de emprego, um favor ou até mesmo por dinheiro.
Por ser uma prática recorrente aos nossas bisavós não enxergamos nenhuma ilicitude. Muito menos os políticos, que se sentem bons samaritanos, ajudando aos necessitados. Na essência somos desonestos, ou na linguagem politicamente correta, praticamos atos semelhantes à corrupção.
Nesse período pré-eleitoral, os nomes que se apresentam como alternativa para a população que foi às ruas gritar ‘fora Dilma’ e hoje rejeita o presidente Michel Temer, ou são investigados por corrupção ou estão sendo apoiados por corruptos. Esse é o cenário que vislumbramos para sair das urnas no próximo mês de outubro.
E será que temos autoridade para reclamar desse cenário? Eleitor corrupto tem moral para exigir que os candidatos sejam honestos, ou como diz o hoje preso, Paulo Maluf, das mãos limpas. A nossa digital que nos idêntica na urna eletrônica é diferente da digital dos candidatos que estamos votando, embora apontamos como corruptos?
Se utilizássemos os ensinamentos de Jesus Cristo, “atire a primeira pedra aquele que não tem pecado”, teríamos essa condição? Mesmo sem perguntar, já sei qual seria a resposta de seu Biró.
As urnas, que para muitos, também não são honestas com defende a justiça eleitoral, pode ser vistas como um espelho da nossa sociedade. De lá não podemos esperar uma imagem diferente da nossa.