Opinião

O risco de uma catástrofe nuclear e o fim da espécie humana

O assunto é importante demais para ficar apenas no noticiário de algum blog onde um renomado jornalista, que acompanha a nova corrida armamentista entre USA,Rússia,China,Israel, India e Paquistão nos transmite informações que podem relativizar todos os nossos sonhos e anular os nossos projetos. Ficamos aqui discutindo as sandices que o atual presidente diz e as maldades que prepara para os mais pobres, aposentados, mulheres,indígenas,quilombolas e camponeses e nem nos damos conta de que, num dia desses, de repente, talvez nem mais estejamos aqui na Terra. Isso não é para alarmar nem ser catastrofista. É ser realista e éticamente responsáveis ao nos referir a estes eventos letais e dar-nos conta dos riscos que corremos. Já temos a experiência do que foi o maior ato terrorista da história, quando os USA sob Truman lançaram duas bombas nucleares simples sobre Hieroshima e Nagasaki que dizimaram em segundos duzentas mil pessoas. Depois criamos armas mais devastadoras ainda, o princípio de “autodestruição” como o chamou o conhecido cosmólogo Carl Sagan. Bem ponderou, antes de morrer o maior pensador do século XX Martin Heidegger, consciente deste risco:”Só um “Deus” nos pode salvar”(Nur noch ein Gott kann uns retten). Não basta esperar em Deus, (ele não é um tapa-buraco face às insuficiências humanas) mas sim, cuidar do ser humano enlouquecido, pôr limites a uma razão que virou irracional a ponto de inventar meios de se autosuicidar. Lboff

De acordo com o renomado jornalista Robert Bridge, nas atuais circunstâncias, “uma má jogada no tabuleiro do xadrez geopolítico” poderia desencadear uma catástrofe global. Os mísseis nucleares são as “forças de manutenção da paz” mais importantes do mundo porque são dissuasores.

Em relação ao tema, o autor do artigo recorda o desastre de 1945, quando Washington lançou bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, “matando indiscriminadamente cerca de 200 mil civis” e muitos outros que morreram em anos posteriores da radiação e doenças associadas.

“Se há um lugar especial no inferno para aqueles que expõem o planeta a armas tão horríveis, Truman deve estar lá”, diz Bridge, referindo-se ao 33º presidente dos EUA, Harry S. Truman.

Correspondente aliado visita escombros de Hiroshima após ataque nuclear dos EUA, em 8 de setembro de 1945

Após esses acontecimentos devastadores, a humanidade teve que viver “sabendo que toda a vida na Terra poderia ser rapidamente extinta no caso de um acidente ou conflito”, afirma o colunista, acrescentando que isso só instigou os governos a cobiçar ainda mais as armas nucleares, pois entendiam que esta tecnologia seria “a melhor apólice de seguro de vida”.

Os países desarmados (casos do Afeganistão, Iraque, Líbia, Ucrânia, Iugoslávia ou Síria) devem se preocupar com o risco de que atores estrangeiros queiram “determinar seu futuro democrático”, enquanto apenas os membros do clube nuclear “podem ficar tranquilos, pois teoricamente estão a salvo de um ataque externo”, ressalta o analista.

Porém, essa tranquilidade foi recentemente abalada por uma série de acontecimentos graves, observa o especialista, citando como exemplo a atual tensão entre o Paquistão e a Índia, que mostra “a rapidez com que as coisas podem sair fora do controle”.Pelo fato de se tratar de duas potências nucleares, isso coloca os rivais regionais em uma posição complicada, tendo ambos que exercer contenção para evitar o pior dos cenários, explica o autor.

O jornalista expõe mais um exemplo, ao se referir ao abate do avião militar russo Il-20 na Síria em setembro de 2018, provocado por quatro caças israelitas F-16. Esses acontecimentos provam que o mundo está ficando caótico e que “os acidentes entre as potências nucleares são cada vez mais prováveis”.

Para Bridge, o desenvolvimento “mais perturbador” no cenário mundial é a retirada unilateral dos EUA dos tratados de controle de armas, ao mesmo tempo que constroem sistemas de defesa antimísseis na Europa Oriental e aumentam ativamente a presença militar na fronteira da Rússia.Segundo o colunista, isso poderia fazer voltar a corrida armamentista global — algo que seria “positivo” para as empresas da indústria militar, mas “um desastre absoluto” para o mundo.

A julgar pelo que aconteceu no Japão em 1945, será que “existe alguma razão para duvidar de que muita gente acredite que os EUA são ‘loucos o suficiente’ para fazer o impensável pela segunda vez?”, pergunta o analista, concluindo que não é de se admirar que o Relógio simbólico do Apocalipse esteja agora a dois minutos do “fim do mundo”.

Fonte:Sputnicknews de 9/2/2019

Leonardo Boff