Com um ministro alvo de denúncia por suspeitas de atuação em esquema de candidaturas laranjas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) comemorou nesta terça-feira (5) 300 dias de governo afirmando que sua gestão pôs fim à corrupção.
“Os escândalos de corrupção sumiram do Palácio do Planalto e dos noticiários. As instituições são respeitadas e a relação entre os poderes é transparente e limpa. Fraudes e desmandos estão sendo combatidos desde o primeiro dia de trabalho”, diz trecho do documento divulgado nesta terça pela assessoria de imprensa da Presidência da República.
O documento também comemora dados como combate à criminalidade e uma melhora nas taxas de emprego, embora dados oficiais apontem para uma taxa recorde da informalidade.
A cerimônia foi realizada no Planalto e contou com a participação de deputados, senadores, ministros e assessores.
Durante o ato foram repetidas frases e lemas comuns a Bolsonaro desde a corrida presidencial de 2018 como críticas à imprensa, à esquerda e exaltação a um discurso anti-corrupção.
Em outubro, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, sob acusação de envolvimento no laranjal do PSL.
A investigação, iniciada com base em reportagens da Folha de S.Paulo, concluiu que o ministro comandou um esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada nas últimas eleições. Álvaro Antônio nega qualquer irregularidade e diz que irá provar sua inocência.
Bolsonaro prometia a definição do futuro de Álvaro Antônio no governo após a investigação da PF, ligada ao ministro Sergio Moro (Justiça).
O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse, horas depois do indiciamento pela Polícia Federal, que o presidente havia decidido manter Álvaro Antônio no cargo e aguardar o desenrolar do processo.
Em seu discurso nesta terça-feira, o presidente disse ser vítima de fake news desde as eleições e afirmou que teria vencido a disputa ainda em primeiro turno não fossem as notícias falsas que pesaram contra ele.
Bolsonaro também fez um gesto ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho e novo líder do partido na Câmara, dizendo que espera que ele não seja alvo de pedidos de cassação de seu mandato.
Eduardo é alvo de protocolos da oposição no Conselho de Ética da Câmara por ter afirmando na semana passada que um novo AI-5 poderia ser editado se a esquerda radicalizasse.
O quinto ato, assinado pelo marechal Arthur da Costa e Silva (que assumira a Presidência em 1967), resultou no fechamento imediato e por tempo indeterminado do Congresso Nacional e das Assembleias nos estados -com exceção de São Paulo.
Além disso, o AI-5 renovou poderes conferidos ao presidente para cassar mandatos e suspender direitos políticos, agora em caráter permanente. Também foi suspensa a garantia do habeas corpus em casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular.
JB