Deve ser difícil para o cidadão comum entender os reais interesses em jogo, as versões e os fatos no impasse criado no Supremo Tribunal Federal em torno de uma nova interpretação sobre a prisão de condenados em segunda instância, diante da decisão da ministra Cármen Lúcia de não pautar o tema, até recuar e marcar para esta quinta-feira o julgamento do habeas corpus de Lula, que é uma brecha para discutir o tema.
O ministro Celso de Mello disse, segundo revela a Folha, que sugeriu uma conversa entre os ministros para poupar a presidente do Supremo de uma cobrança pública.
A assessoria de Cármen Lúcia informou, por outro lado, que ela aceitara o convite de Mello para uma reunião informal com os colegas, mas em nenhum momento ela entendeu que deveria ter feito os convites.
SEM PRESSÃO? – Para o decano, ainda segundo o jornal, era incorreto dizer que há pressão sobre a ministra.
Aparentemente, a presidente estava e está sob pressão. A tal cobrança já é um fato público. Essa discussão interessa à defesa do ex-presidente Lula, e parece não haver dúvidas sobre isso.
Quanto ao poder do presidente do Supremo de colocar questões em pauta, não se viu o mesmo empenho da alta corte para que fossem julgados processos engavetados sobre o auxílio-moradia e benefícios extraordinários a magistrados e membros do Ministério Público.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Bem colocado o artigo de Frederico Vasconcelos, o jornalista brasileiro que melhor faz a cobertura do Judiciário. A verdade é que, passado o Carnaval, a maioria dos ministros já rasgou a fantasia e arrancou a máscara da face, para exibir às escâncaras sua falta de caráter, de dignidade e de espírito público. São seis ministros que merecem execração de todos os brasileiros e aplausos dos corruptos e criminosos que eles fazem questão de tentar proteger. “Que país é esse?”, perguntaria Francelino, se ainda estivesse entre nós, ao ver a Suprema Corte se curvar diante da suprema criminalidade.