Opinião

Para tornar-se político, é preciso adotar regras pouco Republicanas

Por José Vidal

Li isso num site estrangeiro. Traduzi e divulgo, pois, com raríssimas exceções, o texto mostra o que prepondera na política. Detalhe: militares que estiveram no poder se tornaram políticos.


OS DEZ MANDAMENTOS PRAGMÁTICOS DO POLÍTICO

1) Acreditar na prática como é a base do comportamento humano.

(Mais do que ideais e concepções elaboradas, o político pensa que as pessoas são governadas pela práxis imediata de sobrevivência e aspirações materiais, e em relação a eles, ele dirige sua percepção e faz suas ofertas ).

2) Saber que as pessoas são vulneráveis a propaganda bem montada e persistente.

(O protótipo do político nazista, Joseph Goebbels, disse: «Uma mentira, repetida cem vezes, se torna uma verdade»; e mostrou, convencendo a maioria dos alemães de seu tempo de que eles eram uma “raça superior”. É uma lição da qual o político é aprendiz).

3) Estar ciente de que a demagogia não é uma perversão, mas um jogo diplomático.

(Em busca de popularidade ou poder, o político aplica demagogia, sem remorso, porque a considera um recurso válido, com proclamações e slogans trapaceiros: «estabelece a maior felicidade», «torna o país grande», «justiça para todos” … )

4) Praticar uma memória dúctil e casuística, capaz de esquecer ex-oponentes que de repente se tornam aliados úteis.

(A memória do político é pragmática e aleatória: depende de fatos e sorte. Do mesmo modo, ele é indulgente consigo mesmo e apaziguado, ele se permite dormir pacificamente. Detalhe: “Políticos iniciantes e honestos permanecem como elucubradas exceções”)

5) Ser factual, atento aos eventos, e não aos princípios abstratos.

(O que aconteceu, por um lado, e o que poderia acontecer, por outro, são os limites funcionais do comportamento do político; sem preceitos morais desconfortáveis, que dificultam o jogo livre de aproveitar as oportunidades).

6) Estar consciente de que o sucesso ou o fracasso são medidos no campo dos fatos, do que é realmente realizado.

(O político «vê» sua conquista ou decepção. Tudo acontece com ele na vida. E para atingir seus objetivos, ele até recorre a fazer uma modificação total de seus programas e concluir uma turnê que vai de um jogo para outro. O político de peça única, fiel às suas ideias e consistente com sua honestidade pessoal, como Rómulo Betancourt (No Brasil, podemos citar …..) , não é abundante. A carreira do político é sua existência; ele não tem o consolo do artista e do escritor: ser valorizado pelas gerações futuras).

7) Prometer todo o necessário nos tempos das eleições; Depois, o não cumprimento das promessas é explicado.

(O ditado popular cai bem: «Ofereça mais do que candidato nas eleições». E então, diante da fraude de seu fracasso, explodir a fantasia oportunista: criar um inimigo do país, culpar um desastre natural, falar de um déficit nas finanças públicas, em termos incompreensíveis para o público. Por outro lado, o político percebe que a honestidade não é um valor absoluto, mas uma apreciação subjetiva e circunstancial. E quando você ouve falar de um “político”, pegue o personagem com as pinças das dúvida e suspeitas.)

8) Oferecer-se para respeitar a Constituição; e então, com a ajuda de testas de ferro e rábulas contratados, modificá-la

(O político não tem boas relações com a Constituição, o que é sempre um obstáculo aos seus planos e propósitos. De qualquer forma, ele preferiria se comportar com critérios de oportunidade gratuitos, e não vinculado a uma camisa de força legal. É por isso que, uma vez no comando, ele fabrica um grupo de cúmplices e ralé, bem pagos, para modificá-la, com a cumplicidade de uma assembleia e o espanto dos cidadãos).

9) Alcançar a sobrevivência na política, até transformá-la em uma profissão que fornece sustento.

(O político se torna profissional, a tal ponto que, quando perguntado qual é a sua profissão, ele tem que responder: política. É uma profissão que geralmente é praticada em um partido político; claro que está em uma democracia. Mas os partidos políticos às vezes (muitas) se tornam feudos, áreas de caça, secretários-gerais eternos. De qualquer forma, o político vive para sempre, misteriosamente, de sua “profissão”).

10) Lembrar-se de que o poder alcançado deve ser preservado e até perpetuado por todos os meios possíveis e impossíveis.

(Isso é particularmente válido para o político que se torna governante. Uma vez fortalecida, a tentação de permanecer no cargo para sempre é dominante. É visto em muitos presidentes e donos de poder, o que já é comum. A chave é criar um conjunto de advogados pagos que buscam trair o princípio constitucional da alternância democrática).