Política

Quais serão os nomes fortes de Bolsonaro no Congresso Nacional?

A candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) parecia reunir todas as características de um nome radical demais para ser levado a sério. Além da aparente fragilidade causada pela falta de dinheiro, alianças e tempo de tevê, o presidente eleito enfrentou descompassos causados pelo próprio discurso. Chancelado pela classe média, amealhou mais de 56 milhões de votos no segundo turno. Em seu nome, o nanico PSL — que elegeu um único parlamentar em 2014 —, alçou novos voos. Finalizou 2018 com 52 deputados e quatro senadores eleitos. Nomes fortes começam a ser divulgados às vésperas do início de nova legislatura.
Aliados apontam Joice Hasselmann (PSL-SP) como a provável líder do partido na Câmara e Major Olímpio (PSL-SP), no Senado. Ambos cotados, talvez, para disputar até a Presidência das casas legislativas. Os mais próximos veem com desconfiança os movimentos do Centrão — bloco formado pelo PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade —, que busca manter Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Presidência da Câmara. “Inicialmente, o Centrão não fechou conosco porque queria negociar o cargo. Observando nosso desempenho, querem vir para o nosso lado. Mas aí fica complicado, queremos alguém alinhado nas nossas ideias”, disse um dos conselheiros de Bolsonaro no Parlamento.

Flávio e Eduardo Bolsonaro, senador e deputado eleitos — respectivamente — pelo PSL no Rio de Janeiro, também devem ter papel importante na gestão do pai. “Bolsonaro confia muito na família e nas pessoas que sempre estiveram próximas durante a trajetória dele”, confirma uma aliada. Um desses nomes é o do Major Olímpio (PSL-SP). O senador eleito deixou o Solidariedade — e, portanto, deu as costas ao Centrão — quando Bolsonaro saiu do PSC rumo ao PSL e à candidatura ao Planalto.

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Para Murillo de Aragão, presidente da Arko Advice Consultoria, a base inicial de Bolsonaro terá 300 parlamentares. “Uns 260 deputados e 20 senadores.” A aposta do especialista faz com que o novo presidente conte com a “boa vontade” de metade do Congresso na largada. “Será difícil aprovar medidas mais complexas, como as PECs (Propostas de Emendas à Constituição). Ainda assim, não vejo esse ‘toma lá dá cá de atualmente’, explica o cientista político.

Governabilidade 

Nos corredores do Congresso, o PSL é hoje comparado com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 — o auge da sigla em questão de governabilidade e capital político, segundo especialistas. Professores explicam que, por regra, o Legislativo não costuma fazer oposição ao Executivo nos primeiros seis meses de governo. Isso sinaliza a expectativa de uma pauta minimamente única entre os Poderes. “O presidente eleito precisa ter uma eficiente negociação com o Congresso para enfrentar essa divisão do país”, detalha o professor Geraldo Tadeu, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Bolsonaro terá que tomar decisões difíceis e pressionar o Congresso a colaborar. Um desses desafios é “passar” a reforma da Previdência, escanteada desde o ano passado. Impopular principalmente entre os servidores públicos, a medida poderá causar insatisfação de parte significativa do eleitorado do capitão reformado. “Falamos disso. A ideia é fazer o melhor para o país. Todas essas questões estão sendo pensadas com muita cautela”, revela um dos assessores do presidente eleito.

Além de ter a segunda maior bancada da Câmara, o PSL terá, ainda, a maior fatia do Fundo Partidário entre todas as siglas em 2019. Cerca de R$ 110 milhões — levando em conta o montante de R$ 888,4 milhões estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O valor representa um aumento de 17 vezes mais do que o recebido pelo partido em 2017: R$ 6,2 milhões.
CB