Política

Sonhando com a reeleição, Temer inventa a intervenção do Exército na segurança

Na quarta-feira de cinzas, depois de desfilar na Sapucaí com a cabeça enfeitada e a faixa presidencial recheada de dólares, o presidente Michel Temer promoveu uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada, com ministros e os comandantes das Forças Armadas. O objetivo era discutir o gravíssimo problema da segurança pública, que no Brasil significa estatísticas de guerra civil, com baixas diárias de ambos os lados.

Segundo o noticiário oficial do Planalto, foram convocados Eliseu Padilha, da Casa Civil; Torquato Jardim, da Justiça e Segurança Pública; Raul Jungmann, da Defesa; Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência; Sergio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional; e Gustavo Rocha, Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência. Mas a repórter Andréia Sadi, da GloboNews, também participaram os comandantes da Marinha, Eduardo Bacellar Leal Ferreira; do Exército, Eduardo Villas Bôas; e da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato.

REUNIÃO IMPROFÍCUA – Como dizia o célebre governador Benedito Valadares, reunião com mais de três participantes é só para constar a dar notícia na imprensa. O sábio político mineiro recomendava que só se deve fazer reunião ampla quando o assunto já estiver decidido antes pelos três participantes.

No caso da reunião de Temer no Planalto, não havia nada resolvido, estava tudo no ar e nenhum dos participantes tinha algo a dizer. E a ideia genial foi entregar ao Exército o comando das forças de segurança, para produzir uma divulgação positiva que melhore a popularidade de Temer, porque o Planalto continua sonhando com a reeleição do presidente, mas a candidatura dele não decola.

E a tendência é de a popularidade de Temer piorar, porque neste sábado o personagem presidencial vai desfilar novamente e será a grande atração da Noite das Campeãs.

A SOLUÇÃO – A solução do problema da segurança parece ser bastante conhecida. É preciso ter um governo sério e responsável, que elimine todos os gastos supérfluos da administração pública, incluindo mordomias, penduricalhos, cartões corporativos, carros chapa-branca, viagens de jatinho e tudo o mais.

Falta um governo que faça uma auditoria da Previdência Social, para realizar uma reforma justa, que não elimine castas privilegiadas, e promova uma outra auditoria na dívida pública, para desafogar os cofres do Tesouro.

Falta um governo que faça uma reforma trabalhista que proíba a pejotização, para que os trabalhadores brasileiros de maiores salários descontem para a Previdência e paguem Imposto de Renda como os outros cidadãos, sem se fingirem de pessoas jurídicas para sonegar tributos.

TIPO ULYSSES – Precisamos de um governo como preconizava Ulysses Guimarães, que não roube nem deixe roubar, para poder investir em educação e saúde, fazendo também obras de infraestrutura que beneficiem o desenvolvimento e a criação de empregos.

Que lembre de Darcy Ribeiro e construa mais escolas do que presídios, mas que tenha penas rigorosas para os criminosos e transforme as penitenciárias em unidades produtivas, para que os detentos trabalhem e possam se ressocializar.

Infelizmente, a reunião realizada no Planalto não discutiu nenhum desses itens, que são importantes para melhorar as condições da segurança pública. Contra a vontade dos comandantes militares, Temer acabou criando o factóide de entregar o comando da segurança ao Exército, que vai fingir que manda e a PM vai fingir que obedece. E nada mudará.

Carlos Newton