Em um discurso a uma plateia de prefeitos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (12) que colocará em um “pau de arara” o integrante de sua equipe ministerial que se envolver em episódios de corrupção durante o seu mandato.
Na cerimônia de anúncio de crédito para a execução de obras estaduais, ele reconheceu, no entanto, que é possível que irregularidades sejam cometidas no governo federal sem que ele tenha conhecimento, mas ressaltou que episódios descobertos não serão admitidos.
CULPA DO ASSESSOR – “Se aparecer [corrupção], boto no pau de arara o ministro. Se ele tiver responsabilidade, obviamente. Porque, às vezes, lá na ponta da linha, está um assessor fazendo besteira sem a gente saber. Não é isso? É obrigação nossa, é dever”, disse.
A expressão “pau de arara” é empregada para descrever um instrumento de tortura utilizado contra aqueles que eram considerados inimigos da ditadura militar brasileira, período da história do qual o presidente já se disse admirador.
DENÚNCIAS – Em outubro, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, sob acusação de envolvimento no esquema de candidaturas laranjas do PSL, caso revelado pela Folha.
Em depoimento à Polícia Federal, Haissander Souza de Paula, assessor parlamentar do ministro à época, disse que parte dos valores depositados para as campanhas femininas da sigla, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Álvaro Antônio e de Bolsonaro.
Em novembro, também por corrupção, o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu um terceiro inquérito para investigar denúncias de irregularidades no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando o hoje senador era deputado estadual do Rio de Janeiro.
ASSESSORES FANTASMAS – O objetivo é apurar eventual improbidade administrativa decorrente do emprego de assessores fantasmas, ou seja, pessoas investidas em cargo em comissão junto ao gabinete do filho do presidente e que não teriam exercido funções inerentes à atividade parlamentar.
Já existe um inquérito civil no Ministério Público para investigar uma eventual prática de improbidade administrativa no gabinete de Flávio —mas, nesse caso, sobre a devolução de parte dos salários de funcionários ao gabinete, ato conhecido como “rachadinha”.
Apesar desses fatos, no discurso desta quinta-feira (12), feito na sede do governo tocantinense, o presidente disse que, em sua opinião, a imagem do país associada a episódios de corrupção tem mudado no exterior e ressaltou que, atualmente, o mundo está vendo o Brasil diferente. “Eu creio que muitos votaram em mim porque eu era o diferente entre os candidatos presidenciais”, disse.
Folha