Meio Político

Um pedido a papai Noel

Querido papai Noel, durante toda a minha vida recebi um único presente do senhor. Eu tinha cinco anos quando o senhor me presenteou com uma bola e, durante mais de quarenta anos o senhor não lembrou mais de mim.

Já cresci, mas gostaria de aproveitar esse período que crianças de todo mundo enviam um monte de cartinhas para o senhor, fazendo milhares de pedidos, para também lhe fazer um pedido. Aliás, o meu pedido é tão difícil de ser atendido, que chegar a ser quase um milagre.

O senhor mora no Hemisfério Norte, talvez nem tenha muitas informações de um país do Hemisfério Sul. Moro no Brasil, um país privilegiado pela natureza. Aqui não sofremos com os fenômenos da natureza como tufões, furacões, grandes terremotos. O máximo que nos atinge é o fenômeno climático, perfeitamente possível de se conviver, bastando apenas à boa vontade dos governantes.

Quanto a isso, papai Noel, nós já estamos calejados. Ou como dizemos por aqui: com o couro grosso. Há meu bom velhinho, o nosso problema, ou os nossos problemas são muito mais graves. De 2015 pra cá, o país entrou em parafuso, e as coisas tem se agravado. É crise política, econômica, moral e, o pior, é que atingiu o judiciário.

Nos deram uma esperança, criaram uma lava-jato, com o objetivo de limpa toda podridão da política brasileira. Prenderam políticos, coisa nova por aqui, grandes empresários foram para a atrás das grades, nos dando uma esperança, que esses fatos novos, fossem o início de um novo tempo.

O danado, é que com pouco tempo, descobrimos que os que acusavam também eram corruptos. Uma espécie de lavar a casa com água suja. Os que pousavam de moralistas também desviaram milhões dos cofres públicos. Boa parte ou está presa, ou solta graças ao agachamento da Suprema Corte e, principalmente do “ministro” Gilmar Mendes.

No Brasil os políticos (governantes) não se entendem. Até se entendem entre eles para benefício próprio, mas para o benefício do povo, não. Naquele ano fomos pras ruas vestidos de amarelo, pedindo o fim da corrupção. Estávamos tão empolgados, que nem notamos que ao nosso lado, bem ao nosso lado, fazendo selfs, estava um monte de corruptos com discursos moralistas.

E com o fim da corrupção, pedimos também a saída da presidente da república, que nós acabara de reeleger. A nossa esperança era que com a saída dela, as crises também fossem embora. O pedido foi prontamente atendido pelo Congresso Nacional.

Mas papai Noel, o meu pedido de presente é para o futuro. No próximo ano teremos eleições gerais no nosso país. A oportunidade de renovar o Congresso Nacional, escolher um novo presidente da República e os vinte e sete governadores. Se for possível, primeiro nos mostre políticos decentes, honestos e comprometidos com o bem de todos.

E se existir esse tipo de político em uma sociedade formada por uma cultura egoísta – onde o lema é levar vantagem sempre – nos der o discernimento para escolher as pessoas certas.

Que não sejamos iludidos por sorrisos fáceis na hora de pedir o voto, sem notar que esse sorriso, na verdade, é nos vendo como palhaços da democracia. Nos dê condições de rejeitar propostas financeiras – compra de votos – para não passarmos quatro anos reclamando sem ter razão.

Abra os olhos da justiça – cega para alguns – para que ela enxergue o que acontece nos bastidores das eleições. Que juízes que recebem salários milionários e regalias do tamanho da arrogância de muitos deles, possam enxergar que não são deuses. São apenas funcionários públicos, com funções extremamente importantes para o bem da população.

Para o próximo ano, estão prometendo à reforma da previdência social, segundo o presidente Michel Temer, a mudança é para corrigir privilégios. Segundo ele, tem gente que trabalha pouco, se aposenta cedo e ganha muito. O danado é que os que vão votar a reforma se enquadram exatamente entre os privilegiados. Principalmente o próprio presidente Temer. Será que podemos acreditar nessa proposta?

E por fim, papai Noel, mostre como poderemos mudar nossa cultura ‘do eu’ para a cultura do ‘nós’. Que possamos enxergar que um indivíduo já mais poderá ser feliz se os que o cercam estão infelizes. E se o senhor não puder atender o meu pedido, por favor, faça com que ele chegue a quem tenha esse poder.