Opinião

A dor de uma mãe

“Há feridas que não se curam com pomadas, mas com o tempo”. A ferida que fica no coração de uma mãe que perde um filho de forma prematura, só Deus e o tempo pode cicatrizar.

Foi muito difícil hoje, abraçar a amiga Zélia Alcântara, que ontem perdeu a sua única filha Raissa, com apenas 19 nos, e ouvir dela aos prantos – a minha vida acabou! O que dizer a essa mãe com o coração estroçado, buscando respostas, do porque Deus levou a sua filha, sentido maior de sua existência!

Brigar com Deus! Questiona-lo porque tamanha dor, se ele que pode tudo, não fez com que a sua filha fosse curada do Lúpus, doença que causou a sua morte!

O padre Zezinho em sua canção, “Brigar com Deus”, dedicada aos pais que perderam um filho, de forma prematura, se coloca no lugar de pai ou mãe. “Admito que eu briguei com Deus porque não respondeu, quando eu Lhe perguntei por que, ele, que tudo sabe tudo pode, tudo vê, parece que não viu, nem me escutou lá no hospital. Admito que eu fiquei de mal”.

Ouvido a amiga Zélia dizer que a sua vida tinha acabado, acredito que uma mãe começa a morrer no dia que perde um filho nessas circunstancias. A sequência normal, se podemos entender assim, seria os filhos sepultar os pais, não os pais sepultar os filhos.

O poeta Osvaldo Montenegro, na canção “A Lógica da Criação”, faz alguns questionamentos sobre as nossas vidas, e em um trecho ele questiona: “Por que é que Deus cria um filho que morre antes do pai? E não pega em seu braço amoroso corpo daquele que cai”.

Como sou muito pequeno para responder as inúmeras perguntas que, com certeza, a amiga Zélia deve está fazendo a Deus, peço que ela reflita na letra da canção do Pe. Zezinho:

Brigar Com Deus (Pe. Zezinho)

Esta canção é para os pais que já perderam um filho

E por isso, brigaram com Deus

Eu não tenho respostas prontas para essa dor!

Há feridas que não se curam com pomadas

Mas com o tempo

Para eles, que continuam zangados com Deus

Esta canção!

 

Admito que eu já duvidei

Depois daquela morte repentina num farol

Depois que dos meus olhos Deus levou a luz do sol

Depois daquela perda sem aviso e sem sentido

Admito que eu já duvidei

 

Admito que eu briguei com Deus porque não respondeu

Quando eu Lhe perguntei porquê

Ele, que tudo sabe, tudo pode, tudo vê

Parece que não viu, nem me escutou lá no hospital

Admito que eu fiquei de mal!

 

Doeu demais e, quando dói do jeito que doeu

A gente chora, grita e urra e põe pra fora aquela dor

E desafia o Criador e quem se mete a defendê-lo

Comigo não foi diferente do que foi com tanta gente

Que perdeu algum amor

 

Briguei com Deus, briguei com Deus

E se eu briguei foi por saber que Deus ouvia

 

Admito que eu me revoltei

Onde é que estava Deus com Seu imenso amor?

Se Deus é amoroso, então por que deixou?

Por que tinha que ser do jeito que foi?

Admito que eu O desafiei

 

Admito que eu O desafiei

Por não achar sentido no que Deus me fez

E nem me perguntei porque será que o fez

Briguei com quem levara alguém que eu tanto amei!

Admito que eu já blasfemei

 

Doeu demais e, quando dói do jeito que doeu

A gente chora e grita e urra, e põe pra fora aquela dor

E desafia o Criador e quem se mete a defendê-lo

Comigo não foi diferente do que foi com tanta gente

Que perdeu algum amor

Briguei com Deus, briguei com Deus

Briguei com Deus, mas acabei no colo Dele

 

Admito que voltei pra Deus

E até nem sei dizer porque foi que voltei

Eu acho que voltei porque não me calei

Voltei porque, talvez, não sei viver sem crer

Admito que voltei pra Deus

 

Admito que ainda creio em Deus

Mas tenho mil perguntas a doer em mim

Eu tenho mil perguntas para Lhe fazer

Espero que Ele um dia queira responder!

 

Ele sabe o que é que eu penso dele