O presidente Jair Bolsonaro precisou tomar uma sova de críticas durante o carnaval para entender que as redes sociais não são suficientes para lhe dar a credibilidade que precisa. Ele pode até usar esses meios para falar com seus eleitores, mas, se quiser atingir os donos do dinheiro, aqueles que fazem a economia andar, precisará recorrer à mídia tradicional que ele tanto odeia.
Nos últimos dias, um grupo de conselheiros — a maioria deles, militares — mostrou a Bolsonaro que ele pode movimentar as massas por meio das redes sociais, mas que não chegará aos formadores de opinião, que precisam confiar no projeto de reforma da Previdência, pois esses só se informam pela mídia tradicional, na qual confiam. A internet, para esse público qualificado, é terra de ninguém.
UM RECADO – Não por acaso, integrantes do alto escalão da equipe econômica trataram de sair a campo para falar com os principais veículos impressos neste fim de semana. Dessa forma, acreditam, conseguirão passar o recado que o governo quer e dirimir as dúvidas que vêm assombrando os investidores. Desconfiados, eles derrubaram a Bolsa de Valores e empurraram o dólar para o nível mais alto do ano.
A tropa de choque escalada para deter o descontrole de Bolsonaro nas redes sociais reconhece que não será fácil manter o presidente na linha, sobretudo pela forte influência do filho Carlos. Ele tem grande ascendência sobre o pai e vê as redes sociais como único caminho para se contrapor às críticas que o governo recebe.
Os conselheiros de Bolsonaro mostraram para ele que uma comunicação unificada, com foco nos veículos tradicionais de comunicação, será vital para convencer deputados e senadores a se engajarem à reforma da Previdência. Assim como os donos do dinheiro, os parlamentares também se pautam muito pelos jornais impressos, principalmente.
SEM POLÊMICAS – “O presidente pode usar as redes sociais com seu perfil particular para falar mais com os eleitores, mas o discurso do governo tem que ser firme, sem polêmicas que não levam a nada. Se vamos conseguir, só o tempo dirá”, diz um integrante do Planalto, acrescentando:
“O certo é que estamos convencidos de que, sem a imprensa séria, não chegaremos – como queremos – aos que verdadeiramente tomam decisões”.
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