Opinião

Informação aos democratas: se reeleito, Bolsonaro vai partir para uma ditadura

Pedro do Coutto TI

Se em 2021, Jair Bolsonaro aproveitou uma controvérsia com os governadores para dizer que é fácil implantar uma ditadura no Brasil, imagine o que poderá fazer se for reeleito em 2022, pois o seu comportamento, como se constata, está voltado para o autoritarismo e não para o debate democrático em que a opinião pública pode analisar e opinar tanto sobre os seus erros quanto para os seus acertos.

Acontece que os erros são muitos e os acertos muito poucos. Não há até agora um projeto de governo que esteja voltado para os interesses legítimos da população.  E quais são esses interesses legítimos? As vacinas e uma política salarial que não permita a redução dos valores do trabalho pela inflação. Pode ser mesmo até pela inflação do IBGE que achou, por exemplo, 0,8% em fevereiro e 0,25 % em janeiro deste ano. Entretanto, o debate democrático é ainda mais amplo mesmo que as questões sociais sejam extremamente relevantes e suas soluções urgentes.

VARGAS – Afinal de contas, o projeto do país é a democracia e , essencial, a própria vida humana. Já passamos por 21 anos de ditadura militar. Antes dessa fase, tivemos a ditadura de Getúlio Vargas que se estendeu de 1937 a 1945, quando foi deposto. Explico aos leitores mais jovens, Vargas empossou-se na Revolução de 1930. Pressionado por São Paulo, convocou as eleições de 1934. E neste ano, foi eleito indiretamente pelo Congresso.

Portanto, até 10 de novembro de 1937 o governo era constitucional. Vargas rasgou a carta em 10 de novembro e foi deposto em 29 de outubro de 1945. Depois foi eleito em 1950 e seu o governo de 1951 a 1954 foi constitucional.

Recentemente, um integrante do Conselho da Petrobras, Marcelo Mesquita, disse que a Petrobras havia sido criada na ditadura varguista. Errou. A Petrobras foi criada pela Lei nº 2004 de 1953 e instalada em 1954. O projeto original de Vargas não incluiu o monopólio estatal. O monopólio estatal foi estabelecido por uma emenda do deputado Bilac Pinto, do grupo intelectual da UDN. Mas essa é outra questão.

 “INFORMAÇÃO AO CRUCIFICADO” – O título desse artigo está inspirado no livro de Carlos Heitor Cony “Informação ao crucificado”. A informação é um bem essencial de toda a sociedade humana. É preciso que no caso de Bolsonaro os partidos políticos e a população levem em conta o risco que correm.

Chegando a tal conclusão, exercendo-se um tipo de profecia, que ao meu ver em política é algo muito remoto, mas de qualquer forma, há a necessidade de todas as forças democráticas levarem em conta o aspecto essencial focalizado por esse artigo, especialmente para o segundo turno das urnas de daqui a dois anos. Eu sei que dois anos em política representam um centenário, uma vez que fatos surpreendentes acontecem ao longo do tempo. O despacho do ministro Edson Fachin é um exemplo.

Exemplos da vocação ditatorial de Bolsonaro não faltam. Análises também não. E entre estas, as feitas seguidamente pelo jornalista Ruy Castro na Folha de São Paulo. Ruy Castro foi o homem que liderou a campanha contra censura prévia a partir do caso de uma biografia não autorizada do cantor Roberto Carlos.

GRANDES ARTICULISTAS –  No momento, ele igualmente se preocupa com o destino da democracia no Brasil. Junto com ele estão, por exemplo, Merval Pereira, Bernardo Melo Franco, Miriam Leitão e os editorialistas do Estado de São Paulo que revivem em seus textos os grandes articulistas opinativos do passado. Como Otto Maria Carpeaux, embaixador Álvaro Lins, embaixador João Neves da Fontoura, JC de Macedo Soares e Franklin de Oliveira. Estes se empenharam contra a ditadura varguista.

Da mesma forma que Cony e Hélio Fernandes na ditadura que começou em 1964 e acabou em 1985. Em matéria de assegurar a democracia é sempre fundamental levar em conta as ditaduras que sufocaram o país.