Em meio a uma crise que deve atrasar ainda mais o andamento da reforma da Previdência, o vice-presidente Hamilton Mourão foi à Fiesp, em São Paulo, com um missão clara: remendar a relações do PIB brasileiro com o governo Bolsonaro. O tom foi parecido com o da campanha.
Mourão atuou menos como antípoda e mais como um emissário de Bolsonaro. Reforçou que cumpria uma missão do presidente para levar a reforma adiante. “Nosso governo tem três vetores: difundir, convencer e ter paciência para negociar tudo o que tiver sendo negociado.” A assessoria da Vice-Presidência preparou um esquema para evitar que ele fizesse suas já famosas declarações à imprensa — questionado por um repórter sobre o Congresso, ele ignorou. Também não houve entrevista na saída.
Para o general, é hora de rever esse acordo. Ele citou como exemplo a lei que regula a assistência social e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Atualmente, o BPC dá um salário mínimo a idosos acima de 65 anos que não têm como se sustentar.
“Esse benefício era dado aos 70 anos. FHC baixou para 67 e Lula, para 65. Porque contribuir [com a Previdência]? Se ele vai receber a mesma coisa sem contribuir. Não há mais como sustentar isso aí”, disse. A declaração vem após um acordo do centrão para vetar mudanças no BPC e na aposentadoria rural.
Evocando Margaret Tatcher e Ronald Reagan, ele também defendeu que o Estado deixe de participar dos mercados: “Não só comércio, mas também saúde e educação. Eles andam com as próprias pernas.”
O vice-presidente partiu na sequência para um jantar com trinta empresários na casa de Paulo Skaf, no bairro do Morumbi. A imprensa não foi convidada.